Douglas Wires nasceu em 1971, é casado e mora atualmente no Rio de Janeiro, atuando no mercado de turismo desde 1995. Fluente em inglês, é emissor Amadeus e Sabre de passagens aéreas nacionais e internacionais. Trabalhou em empresas como: VARIG, OCEANAIR e CARLSON WAGONLIT, adquirindo sólidos conhecimentos e experiência em cálculos de tarifas aéreas, supervisão de reservas e negociação de serviços de viagens.

AGÊNCIAS DE VIAGENS APLICAM GOLPE E ARRUÍNAM FÉRIAS DE SEUS CLIENTES

Apolícia abriu nove inquéritos para investigar casos de agências de turismo da capital acusadas de aplicar golpes em grupos de viagem nos últimos cinco meses. As vítimas reclamam que suas viagens foram canceladas momentos antes do embarque e que não havia reserva nos hotéis.


Só o Procon recebeu uma média de 11 reclamações contra agências de turismo por dia no primeiro semestre deste ano. Foram 2.086 atendimentos – 397 envolvem rescisão de contrato e 383, cobrança indevida. O número total de queixas é 28% maior do que aquelas feitas no primeiro semestre do ano passado: 1.628.

Na semana passada, um caso ganhou repercussão depois que 100 pessoas, entre adultos e adolescentes, foram impedidas de viajar para Cancún, no México. Após passarem sete horas no aeroporto de Guarulhos, na Grande São Paulo, com a expectativa de embarcar, algumas vítimas foram até a Polícia Civil pedir ajuda. Na lista de clientes que compraram o pacote havia moradores da capital, ABC e interior.

A empresa acusada é a Trip & Fun, que até a noite de ontem não havia sido localizada para comentar as acusações. Após a decepção, adolescentes e seus pais seguiram para o 1º DP de São Bernardo. Outros estudantes, de Campinas, estiveram na delegacia da região para reclamar.

O delegado assistente Renato Felisoni, do 30º DP (Tatuapé), onde há dois inquéritos em apuração, faz um alerta: com a chegada das férias escolares a demanda aumenta e muitas agências de má fé se aproveitam para enganar famílias e grupos escolares. A investigação inclui uma viagem cancelada para Disney semana passada.

Antes, foi aberto inquérito para apurar outra ocorrência. Uma empresa deixou um grupo sem viajar para Miami. “Imagina o terror que é você dizer para três crianças que elas não vão mais para Disney”, conta uma empresária de 38, que foi até o DP registrar queixa e prefere não ser identificada.

Ela diz que a empresa que a lesou foi a Márcia Rubio Viagens, que também não foi encontrada para comentar o caso (leia mais abaixo). O pacote para julho foi novamente comprado, o que deu um prejuízo de R$ 20 mil.

O delegado Felisoni recomenda atenção redobrada na hora de escolher a operadora e observa que o ideal é sempre fechar negócio com as mais conhecidas, por questão de segurança.

Mas, para a empresária, a impressão de segurança foi passada no momento em que ela entrou no apartamento luxuoso da dona da agência, que fica no bairro Anália Franco, zona leste. A fala correta e carro zero também contribuíram para que a confiança fosse estabelecida no ato.

Segundo o delegado, a dona da agência, identificada como Marcia, foi indiciada por exercício ilegal da profissão e estelionato. Ela responderá em liberdade. O delegado diz que um representa da empresa já anunciou um possível acordo com as vítimas.

O caso de Cancún será investigado por delegacias da área e pelo Departamento de Polícia de Proteção à Cidadania (DPPC), onde já existem mais cinco casos.



Frustação
A empresária Solange Machado Magon, 38, foi uma delas. "Ligaram no celular da minha filha, que é menor de idade, para avisar. A empresa deveria comunicar formalmente aos pais. Nos sentimos lesados e frustrados", disse.

"Minha filha só chora. Não dá para colocar uma adolescente sob a responsabilidade de uma empresa que age assim", afirmou o gerente de sistemas Ricardo Portela, 45.

Uma aluna não conteve sua irritação. "Passei o ano inteiro cuidando de visto, indo a cartórios para conseguir autorização para viajar sozinha e aquela expectativa toda acaba nisso?", questionou Fernanda Ribeiro, 17.

Pior foi para quem veio de Botucatu, Jaú, São Manuel, Limeira e Bauru, que viajaram até cinco horas para chegar ao aeroporto. Caso da estudante Carolina Lopes, 18, de Botucatu. "Foi muito desagradável. Não quero mais viajar."



Cancelamento do Pacote de Viagens da Trip & Fun

Cinquenta pessoas estiveram ontem no 13° Distrito Policial de Campinas para sustar cheques e tentar reaver o dinheiro de pacotes para diversos pacotes de viagens da operadora Trip & Fun. “Há viagens para México, Bariloche e outros destinos. Tem muita gente vindo na delegacia, mas não sabemos se vamos abrir inquérito para apurar crime doloso, estelionato ou se a empresa faliu”, diz o delegado José Rocha Soares.


Em São Bernardo do Campo, o desaparecimento dos funcionários da Trip & Fun tem levado os pais de alunos com viagens marcadas para o fim do ano a correr para sustar os cheques.


Sinais de falência
Um fornecedor da Trip & Fun, que pediu para não ser identificado, afirmou que um dos sócios da empresa alegou que a agência estaria em situação "pré-falimentar". Segundo essa pessoa, esse acionista afirmou que os problemas começaram no ano passado, quando as cinzas de um vulcão chileno interromperam voos para Bariloche.


Outro problema que esse sócio da agência alegou, acrescenta o fornecedor, foi o surto de meningite em Sauípe, litoral Norte da Bahia, que resultou no cancelamento de viagens. Nesses dois casos, a Trip & Fun teve de ressarcir seus clientes e teria ficado sem fôlego financeiro atualmente.


Por telefone, um funcionário da empresa disse à Rede Globo que seis mil clientes podem ser lesados no país. O Procon orienta que os passageiros guardem todo tipo de documento e quem pagou com cartão de crédito peça o cancelamento. O órgão de defesa do consumidor recomenda ainda que seja protocolada uma ação coletiva contra a Trip & Fun.

Um comentário:

CARLOS disse...

Na falência, será instaurado o concurso universal de credores da sociedade. A parte que a requerer deverá apresentar todos os seus credores com valores e naturezas dos créditos. Entretanto, vê-se que para o devedor que quer realmente saldar suas dívidas e continuar no comércio, o melhor caminho seria o da concordata preventiva. Já se o devedor (dono da empresa) não tem o condão de voltar ao comércio e saldar todas as suas dívidas, a auto-falência lhe dará a oportunidade de pagar os credores com o produto alcançado com a venda dos bens da sociedade. Logo, se o lucro da venda dos bens da empresa for menor do que o valor da dívida (valores devidos aos credores, fornecedores e clientes) tem-se então um tremendo de um calote empresarial!

O processo da mecância da falência funciona assim:

1.Com a falência decretada pela Justiça, o dono da empresa é afastado de suas atividades e o juiz nomeia um administrador para cuidar da massa falida da companhia.

2.Todos os bens da empresa, de máquinas pesadas a papel de impressora, são vendidos, através de leilão, propostas fechadas ou pregão. A grana arrecadada é usada para pagar as dívidas.

3.Com o dinheiro arrecadado, a prioridade é o pagamento dos direitos trabalhistas dos funcionários, isso até um valor máximo de cerca de R$ 50 mil para cada um.

4.Após o pagamento dos funcionários, os próximos a receber são os bancos. Depois, quem cuida da massa falida, os governos (impostos) e, só por último, os fornecedores e clientes, e se sobrar dinheiro...

5.O dono da empresa não pode ser preso por causa das dívidas, nem perde seus bens pessoais - isso só rola se a Justiça descobrir que houve fraudes na administração.

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